quarta-feira, 2 de fevereiro de 2000

Referência a Aldeia do Bispo num texto relativo ás Invasões Francesas

Barão Marbot. Memórias

 

Gardanne faz ainda uma segunda entrada em Portugal pelo vale do Mondego. Mais uma vez a água é a grande barreira. A ponte da Mucela está parcialmente destruída e mesmo assim guardada pelos ingleses. Muda de caminho e vai a Góis, Lousã, Espinhal, até Tomar. Teve a mesma sorte é forçado a regressar a Espanha. Da viagem de regresso não conhecemos pormenores mas o irmão de Acúrcio das Neves relata na sua carta em datas coincidentes barbaridades só praticáveis por um exército em desespero, nas vilas de Góis, Arganil e Sarzedo, que ele presencia, durante um mês segue-se a retirada de Massena. Depois da saída dos franceses de Portugal, prolonga-se um pouco por toda a Espanha. Junto à fronteira portuguesa há combates e batalhas durante mais de um ano onde as tropas portuguesas participam com bravura. 

As duas forças movimentam-se continuamente de Badajoz a Salamanca. Marmot decide invadir de novo Portugal. A quarta invasão, que dura 20 dias. Fuentes de Onor e sai pela Aldeia do Bispo. O general Foy, vem outra vez à Beira Baixa. Esteve no Alcaide, Alpedrinha e provavelmente no Fundão. O exército de Marmot estende as suas forças até á Guarda, dia 6 cercam o Sabugal. Investindo para Castelo Branco, com uma divisão inteira. Lecor entretanto manda evacuar a cidade. Um ano antes a 3 de Abril, durante a batalha do Sabugal. Os franceses em 1 hora de combate perderam 61 oficiais e 699 soldados. Para Charles Oman, os números são outros: os franceses perderam entre mortos e prisioneiros 1500 homens. Esta curta invasão de 20 dias apenas, em 8 de Abril as tropas estão em Penamacor. Vários grupos percorrem: Covilhã, Fundão, Alcaide e Alpedrinha, pilharam Pedrógão e Medelím.

Humilhado Gardanne não escreve relatórios muito precisos dos locais por onde anda, chega a cobrir-se de ridículo quando diz: chegamos a uma ilha. Estava sim entre dois rios, a ilha é Portugal abandonado pelo seu Rei. Pais com tantos anos de história, um povo que sempre utilizou a água dos mares e rios como poucos, também para a defesa militar. Quando água não há, clamamos por milagre e Santo António faz crescer a ribeira da Enxabarda. Ficamos assim dispensados de assumir a força a nossa grandeza. Rios que corriam livres e limpos. Pouco terá ficado destes invasores, dos ideais que diziam também querer trazer. Ainda hoje não cruzaram todos os rios de Portugal e do mundo.

 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2000