quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Aldeia de João Pires

Às nove da noite o silêncio é nota dominante nas ruas de Aldeia de João Pires. Mas nas sextas-feiras da Quaresma é quebrado por alguns instantes por um grupo de homens e os seus cânticos. Na ponta da língua vão as quadras da Ladainha dos Homens, uma tradição que teima em permanecer nesta aldeia do concelho de Penamacor. Na frente do cortejo vão os homens em duas filas, uma em cada lado da berma. Lá atrás vêm as lanternas a ladear o crucifixo e a encerrar o cortejo um grupo de cinco homens, que cantam as ladainhas ao longo do percurso. Este começa e termina na igreja da aldeia, parando por alguns minutos no Largo do Pereiro. Mas o que salta à vista é a iluminação utilizada. Em vez de velas, os homens transportam um pau com uma pinha na ponta, cujo fogo ilumina as ruas à passagem do cortejo. Algumas ficam pelo caminho, mas a procissão lá segue indiferente. As mulheres ficam em casa, espreitando a acção entre as cortinas. José Candeias explica que esta "é uma tradição muito antiga", mas não é a única na freguesia. Aldeia de João Pires tem ainda a Ladainha das Mulheres, que tem lugar na quinta-feira santa. "Nesta incorpora-se todo o povo e a iluminação é feita com as chamadas lanternas", explica, acompanhado por Manuel Carreto e José Ribeiro. As lanternas de que fala têm um quebra-luz em cartolina, com os símbolos da Paixão de Cristo desenhados. Estas lanternas são penduradas numa cana, que os jovens transportam. Nesta época a região é rica em rituais deste género, mas os três homens reclamam a originalidade das suas tradições. "Deve ser única porque já fizemos vários levantamentos e dá-nos a sensação que é a única freguesia em que se faz", diz José Candeias. Aldeia de João Pires cumpre ainda os Martírios e a Encomendação das Almas. Esta última "é feita normalmente por mulheres e nos balcões mais altos da aldeia". A particularidade está no facto de os cânticos serem ímpares. "Ou cantam cinco vezes, ou sete, ou nove", explicam-nos. Perguntamos porquê, mas José Candeias diz desconhecer as razões. Há ainda um conjunto de cânticos próprios que não ficam apenas pela Quaresma, percorrendo também o tempo comum e o Natal. "E todos os domingos depois da elevação se canta o Bendito". O que para quem vive na aldeia é tão natural como o dia a seguir à noite, para quem vem de fora ganha contornos de descoberta. José Ribeiro conta que no Verão apareceram na aldeia alguns casais que pediram para visitar a igreja e como cicerone explicou-lhes os cânticos. "Qual não é o meu espanto quando no domingo vieram cá assistir à missa", diz José Ribeiro. -- por : José Furtado - Jornal Reconquista ----------------------------------------------------------------------------------- Há vida na escola de Aldeia de João Pires
As crianças deixaram a antiga escola da freguesia, mas ainda se aprende na aldeia do concelho de Penamacor. Hoje os alunos vão dos 18 aos 80 anos.
Por: José Furtado
2 de Dezembro de 2010 às 18:02hAs noites tal como estão convidam a ficar por casa. Mas em Aldeia de João Pires nem o frio serve de obstáculo a quem quer aprender algo mais. A Associação Solidariedade Sem Fronteiras abriu as portas da sua sede ao Programa Novas Oportunidades e tem alunos a partir dos 18 anos. A mais velha do grupo já conta 80 anos, idade que não tolhe a vontade de tirar a quarta classe, que na juventude ficou à distância de apenas um ano.
“Aparecem desempregados, aparecem jovens que não quiseram estudar no ensino regular (…) e aparecem pessoas para valorização pessoal, porque não puderam estudar na altura em que tinham a idade indicada para a escola”, conta a formadora Raquel Almeida.
Francisco Gonçalves, de 72 anos, é dos alunos mais velhos da turma de Aldeia de João Pires. Na juventude ficou-se pela antiga quarta classe, mas graças ao Novas Oportunidades já fez o 9.º ano e estuda agora para chegar ao 12.º. Para ele o mais importante nem é ter a qualificação. “No meu caso pouca falta me irá fazer, mas é uma animação”, confessa ao Reconquista. Percebe-se o porquê destas palavras, já que na noite em que visitámos a escola havia magusto.
Ao contrário de Francisco Gonçalves há quem deseje realmente uma nova oportunidade de vida, como é o caso de Estela Reis. Aos 39 anos está à procura de emprego e sabe que o 6.º ano que ficou do tempo de escola é insuficiente.
“Com a idade que tenho é mais complicado arranjar trabalho e a ver se com o 12.º as coisas vão melhorar”, diz com a esperança em alta.
Ao contrário do ensino regular, a formação do Novas Oportunidades vive sobretudo da experiência de vida das pessoas. Raquel Almeida diz que os adultos “pensam sempre que vêem aprender só a História e a Matemática”.
Pedro Agapito, da Associação Solidariedade sem Fronteiras, explica que o objectivo da formação é chegar não só aos habitantes da aldeia mas também de localidades vizinhas, como Aranhas, Salvador ou Aldeia do Bispo, de onde vem Estela Reis.
“Achámos que era proveitoso para os habitantes, não só da aldeia mas do concelho”, refere o dirigente da associação. Com isso facilitam também a vida a quem não se pode deslocar até Penamacor ou mesmo a Idanha-a-Nova.
A formação decorre começou há cerca de um ano e meio e acontece na sede da associação, que, ironicamente, fica na antiga escola da aldeia. O espaço necessita no entanto de mais condições para quem quer ensinar e aprender, já que as janelas do edifício estão degradadas e deixam entrar o frio, que por estes dias é gélido. Pedro Agapito diz que a associação está à espera de respostas quanto aos apoios que já foram pedidos para resolver esta questão e aguarda que as coisas se resolvam em breve “para dar melhores condições às pessoas
Em Aldeia de João Pires aprende-se mas também há tempo para conviver
Procissão do Enterro do Senhor. Aldeia de João Pires, 2 de Abril de 2010. ver :   http://www.patrimonio-turismo.com/juntas/zoom.php?identifx=1138

A banda de Aldeia de J Pires


A Banda Filarmónica de Aldeia de João Pires foi fundada no ano de 1908 pelo então Pároco da Freguesia José Maria Lopes Nogueira, que detentor de alguns conhecimentos musicais, e depois de ter consultado as pessoas influentes da Freguesia (Jaime D' Aguilar Simões, Luis Leitão Mendes e Ricarod Antunes Rei) decidiu "meter mão à obra". Contudo, surgiu de imediato o primeiro problema. A aquisição de instrumentos. Existindo na freguesia uma senhora que havia recebido uma herança, conhecida como a Ti Violante, o Padre José Maria decide pedir-lhe o dinheiro emprestado, ao que a senhora acedeu. O empréstimo para a aquisiçaõ dos primeiros instrumentos foi de 60$00 (sessenta milreis).
Os ensaios ao longo dos primeiros anos foram sempre na Casa Paroquial, a banda começou a ter actuações nas freguesias vizinhas, a criação da banda foi um factor de mobilização em toda a freguesia.
No ano de 1924 foi criada a "União de Aldeia de João Pires", que tinha como principal objectivo o de manter a Banda Filarmónica, objectivo que se manteve até aos dias de hoje.
A União de Aldeia de João Pires - Sociedade Recreativa Musical é uma colectividade cultural, recreativa e artística cuja fundação remonta a 1 de Novembro de 1908, tendo um papel importante na formação de músicos e na divulgação da cultura do concelho de Penamacor. Esta importância, é traduzida em apoios de entidades públicas e privadas, de sócios e amigos, uma vez que sem este apoio seria impossível a sobrevivência desta colectividade. A banda tem a sua sede social na Estrada Nacional 332 na aldeia denominada Aldeia de João Pires, concelho de Penamacor, distrito de Castelo Branco. Nos últimos anos esta banda tem levado a cabo um esforço significativo na angariação de jovens para o corpo musical, estando alguns deles ainda a aprender na escola de música. Diga-se que a Banda já conta nas suas fileiras com muitos elementos de Aldeia do Bispo .







Suporta cerimónia da praxe de boas


vinda ao seio da Banda da A.J.P Fotos retiradas do H5 da Banda de Aldeia de João Pires

terça-feira, 1 de janeiro de 2008